Sustentabilidade é Acção (blogue original)

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28 de agosto de 2021

A casa passiva e o conceito Passive House

A casa passiva é um conceito que se enquadra na arquitetura bioclimática, em que são aproveitados os recursos naturais do local da construção para reduzir as suas necessidades energéticas e ao mesmo tempo usufruir de uma casa (ou outra construção) com conforto. A localização, o clima local,  a topografia, a vegetação e a exposição solar são fatores muito importantes a ter em conta, mas muitas vezes estão já determinados quando se vai construir, reconstruir ou adaptar. Nestes casos, a eficiência energética e conforto ficam a cargo das características construtivas.

Nesse sentido, o conceito "Passive House" (no original alemão PassivHaus) foi desenvolvido na Alemanha no final dos anos 80, e em 1996 foi fundado o PassivHaus Institut, entidade que  investiga e certifica edifícios construídos segundo este conceito.
Fonte:  Ass. PassivHaus / Imagem ART Architects


«O CONCEITO PASSIVE HOUSE

Passive House é um conceito construtivo que define um padrão que é eficiente, sob o ponto de vista energético, confortável, economicamente acessível e sustentável.

Eficiência energética
A Passive House é o mais elevado padrão de eficiência energética a nível mundial: as poupanças energéticas (aquecimento e arrefecimento) atingem os 75% em comparação com os edifícios convencionais e de acordo com a regulamentação actual.

Confortável
Uma Passive House tem temperatura uniforme, sem grandes variações (temperatura mínima 20ºC e temperatura máxima 25ºC) e uma boa qualidade do ar interior (humidade relativa, CO2), contribuindo para o bem estar e saúde dos seus ocupantes.

Acessível
Numa Passive House o acréscimo do custo de construção não ultrapassa, em média, os 5% em relação a uma construção convencional, sendo possível construir a preços correntes. Os custos de operação de uma Passive House são substancialmente mais baixos que um edifício convencional devido às reduzidas necessidades energéticas e de manutenção.

Sustentável
Numa Passive House há uma redução drástica das emissões de CO2, devido à eficiência energética. O conceito Passive House contribui para a protecção climática pela menor dependência de combustíveis fosseis. As baixas necessidades energéticas de uma Passive House podem ser facilmente supridas por fontes renováveis de energia.»

Uma casa pode ser passiva, construída de acordo com os princípios e técnicas Passive House, e ser ou não certificada.  A certificação  requer acompanhamento de técnicos com formação para o efeito e acarreta custo adicional.

O vídeo a seguir explica o conceito Passive House em  90 segundos.


Mais informação em: 

21 de agosto de 2021

A escolha da humanidade (Duane Elgin)

 «A escolha da humanidade 

A nossa primeira tarefa enquanto comunidade humana é reconhecer a espantosa capacidade de escolha que temos diante de nós.

Se, por um lado, optarmos por ver o Universo como uma entidade desprovida de vida, então é compreensível que sejamos invadidos por sentimentos de alienação existencial, de ansiedade, pavor e medo. Por que motivo haveríamos de desejar estabelecer uma comunhão com o espaço vazio e a fria indiferença da matéria inerte?  Relaxar no contexto de um universo morto apenas fará com que nos afundemos no desespero existencial. Assim sendo, mais vale viver à superfície da vida, sem ansiar por qualquer tipo de profundidade. 

Imagem: NASA, 2011 (daqui)
Se, por outro lado, sentirmos que vivemos num Universo vivo, então é natural que sejamos invadidos por sentimentos de conexão, curiosidade e gratidão em relação ao que nos rodeia.  Quando nos vemos como habitantes do jardim cósmico da vida, que se tem vindo a desenvolver desde há biliões de anos, o nosso olhar sobre o Universo deixa de ser um olhar de indiferença, medo e cinismo, e passa a ser um olhar de curiosidade, amor e reverência.

O futuro da humanidade depende de qual destas perceções adotarmos e das escolhas subsequentes que fizermos.

O bem-estar da humanidade e da Terra dependem do despertar da geração atual, da sua passagem da adolescência à idade adulta enquanto espécie, e do estabelecimento de uma nova relação com a natureza, com os outros seres humanos e com o Universo vivo.

Se não acolhermos o milagre da vida que nos rodeia e nos permeia, estaremos certamente votados à extinção enquanto espécie. O caos climático, o aumento do nível do mar, as migrações em massa, bem como a extinção de inúmeras espécies, estão já a ultrapassar um ponto crítico, produzindo mudanças irreversíveis na Terra e dificultando a possibilidade de uma viragem da humanidade em direção a um futuro sustentável.

Será que iremos escolher a destruição em detrimento da vida? Por muito que nos custe aceitar essa hipótese, penso que é realista concluir que, a menos que a humanidade encontre uma ponte inspiradora em direção a um futuro alicerçado na experiência comum de um imenso potencial evolutivo, não disporemos da motivação necessária para transformar separação e sobrevivência em comunidade e coevolução.

A humanidade começa agora a despertar, à medida que o impulso da necessidade exterior vai ao encontro do impulso da capacidade interior. Contudo, as mudanças climáticas radicais estão a acelerar tão rapidamente que existe um perigo real de que as respostas da humanidade possam revelar-se demasiado escassas e demasiado tardias, o que nos pode conduzir a uma nova idade das trevas.

Se estivermos distraídos e em negação, e ignorarmos a urgência e a importância da grande transição agora em curso, perderemos uma oportunidade única e irrepetível de evolução. A cada geração é pedido que faça sacrifícios pela próxima, para que seja uma cuidadora do futuro. Esta geração está a ser empurrada por uma Terra ferida e convidada por um Universo acolhedor a oferecer uma enorme dádiva ao futuro da humanidade: trabalhar em conjunto com justiça e maturidade para realizar conscientemente o nosso potencial biocósmico e o propósito de aprender a viver num Universo vivo.»

Duane Elgin

Tradução: Projeto "Clube das Histórias: Abrir as portas ao sonho e à reflexão" (enviado por email agosto 2021). Original em DailyGood: Humanity's Most Urgent Challenge, Duane Elgin,  2018/04/30.

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