Da dura verdade desta economia


"A ciência deste século é uma grandessíssima tola. E como tal, presunçosa e cheia do orgulho dos néscios. "

Sobre a realidade da economia podre que nos domina, deixo aqui para reflexão um texto de Almeida Garrett, extraído do livro "Viagens na Minha Terra" (publicado pela primeira vez  em 1846), e um vídeo sobre as políticas económicas aplicadas na União Europeia:  "O grande casino europeu". Este vídeo foi  realizado por La Antena SCV,  produzido por "Enlazando Alternativas" e divulgado pelo movimento ATTAC, um movimento global contra as actuais políticas financeiras.

"Não: plantai batatas, ó geração de vapor e de pó de pedra, macadamizai estradas, fazeis caminhos de ferro, construí passarolas de Ícaro, para andar a qual mais depressa, estas horas contadas de uma vida toda material, maçuda e grossa como tendes feito esta que Deus nos deu tão diferente do que a que hoje vivemos. Andai, ganha-pães, andai; reduzi tudo a cifras, todas as considerações deste mundo a equações de interesse corporal, comprai, vendei, agiotai. No fim de tudo isto, o que lucrou a espécie humana? Que há mais umas poucas dúzias de homens ricos. E eu pergunto aos economistas políticos, aos moralistas, se já calcularam o número de indivíduos que é forçoso condenar a miséria, ao trabalho desproporcionado, à desmoralização, à infâmia, à ignorância crapulosa, à desgraça invencível, à penúria absoluta, para produzir um rico? - Que lho digam no Parlamento inglês, onde, depois de tantas comissões de inquérito, já devia andar orçado o número de almas que é preciso vender ao diabo, número de corpos que se tem de entregar antes do tempo ao cemitério para fazer um tecelão rico e fidalgo como Sir Roberto Peel, um mineiro, um banqueiro, um granjeeiro, seja o que for: cada homem rico, abastado, custa centos de infelizes, de miseráveis."
Almeida Garrett, in 'Viagens na minha Terra'

Comentários

  1. Agradeço ao Helder Gandra por ter publicado este excerto de Almeida Garrett no Facebook

    e à minha querida amiga Maria Martins que me enviou o link para o vídeo por e-mail.

    OBRIGADA Hélder e Maria

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  2. eheheheheh rir para não chorar... o filme é bem demonstrativo e nem tão pouco falta a maldita TV, que divulga o que os poucos querem que se saiba, para que os muitos reajam em conformidade!
    Quanto ao texto, é como se vê... não há volta a dar! já vem de longe... de muito longe, mas como barriga cheia dá moleza... acabou-se o bem bom dos muitos. A Hipnose e a indução da TV resultou! A melhor ARMA de todos os tempos. Agora não há nada a fazer.

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  3. Pois é, Fada, adorei o modo simples e realista como eles explicaram esta economia absolutamente estúpida em que vivemos.
    Quanto ao não há nada a fazer, já sabes que não é o que penso. Se fosse, nem sequer me preocupava em divulgar estas coisas... e ia ver TV :)))
    Acho que está mais perto o tempo da ruptura e da revolução do povo do que aquilo que se imagina. Até nos EUA já se levantam vozes contra as grandes corporações, o que é um bom sinal :)

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  4. Boa Manuela, Começo a ter um bom pipe-line de informação. Graças (também) a si.

    Obrigado

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  5. Olá Rogério

    Obrigada, lá vamos nos ajudando uns aos outros a abrir os olhos a quem quiser :)

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