Bill Gates esteve no mês passado a dar uma conferência no grupo TED sobre uma nova forma de energia nuclear. Trata-se de um reactor designado "Traveling Wave Nuclear Reactor" (ou Reactor Nuclear "Limpo") e baseia-se na geração de energia eléctrica tendo como matéria prima principalmente urânio empobrecido, embora precise de uma parte de urânio enriquecido para a fase inicial do processo. Prevê-se que o reactor, que funcionará totalmente em circuito fechado e enterrado, possa gerar energia durante 50 a 100 anos, consumindo os próprios resíduos. O projecto, designado TerraPower, está a ser desenvolvido pela empresa de investigação em energia Intellectual Ventures, na qual Bill Gates é o principal investidor. A tecnologia da Microsoft tem sido aliada com super-computadores para projecto e simulação do reactor. Bill Gates diz que acredita ser a solução para conseguir zero de emissões de CO2 até 2050, mas serão ainda precisos 10 a 15 anos para poder passar a uma realidade. Ver mais aqui (em português) ou aqui (em inglês). Concorde-se ou não, vale a pena ouvir o discurso de Gates. É pena não estar legendado, mas mesmo assim percebe-se bastante bem.
A sustentabilidade energética sempre foi uma das bases das economias. Na lógica das sociedades capitalistas coevas, passa pelo custo que acarreta e pelas quantidades disponíveis que apresenta para consumo e consequente suporte das actividades económicas em geral e assim foi encarada tanto no plano dos pontos de vista científicos como políticos. Hoje em dia, porém, por bastos motivos que aqui poderemos deixar por dizer, importa também que a mesma seja entendida, em igual nível de importância e consideração, no âmbito quer dos seus equilíbrios geo-físicos, quer dos impactos que as suas utilizações possam ter no planeta, mormente no âmbito dos impactos sobre os ecossistemas e na atmosfera. Em suma, é imperioso que consigamos explorar energias renováveis ou, se quisermos, inesgotáveis que temos como recursos à disposição neste berlindezinho cósmico em que todos vivemos e que por isso é a nossa casa comum.
Perante notícias como esta há sempre aquele discurso cínico que fala dos lucros e do poder que tais investimento propiciam a quem os controla, mas isso, parece-me, é a regra com que se joga no modo de organizar a economia em que vivemos e, em conformidade, muito prosaicamente é a realidade com que estamos a viver, no entanto, na minha modesta opinião, não me parece que seja por isso que deveremos deixar de sublinhar aquilo que importa destacar no anúncio em causa; a consciencialização dos agentes económicos a respeito dos problemas que expusemos no parágrafo anterior e isso, sendo na prática um factor de primordial importância, é um dado bastante positivo para aquilo que poderemos designar genericamente de esperança num amanhã melhor.
Contudo, o problema da sustentabilidade dos recursos energéticos é também uma nova janela sobre um futuro diferente dos modos de vida que conhecemos e há que ter consciência que há toda uma área de pensamento a explorar a partir daí e isto é evidentemente válido no domínio das ciências mas também da reflexão filosófica em que, por exemplo, o Professor Peter Singer tem produzido um trabalho significativo. Enquanto o homo económiucus que somos, temos construído sobre a cultura contra a Natureza que temos delapidado. Temos, pela primeira vez na história da humanidade, a possibilidade de voltarmos a erigir a cultura na Natureza, no sentido de conseguirmos a sabedoria de aprender a viver em harmonia com os equilíbrios geo-físicos desta nossa prodigiosa casinha comum, por enquanto, o único paraíso que nos foi dado para vivermos.
Boa saúde para todos os que nos proporcionam este bonito convívio e que sempre estejam em paz
Rudolfo Wolf
PS
Não possuo suficientes conhecimentos que me permitam apreciar o problema técnico inerente. Sobre isso nada posso dizer, apenas ouvir e tentar aprender.
Os estudos sobre esta forma de produção energética através do nuclear já vêm do século passado (fim da década de 1950 o início dos estudos)... tem alguns benefícios em relação às actuais centrais, mas para mim nuclear é sempre nuclear... de preferência a evitar... e fico sempre espantado com a ligeireza com que as pessoas falam do tempo de vida dos resíduos "cerca de 500 anos..." há países que nem 200 anos têm!!! agora imaginem o que é fazer a guarda destes resíduos durante 500 anos!!! Eu não imagino!
Biólogo/Professor, costumo visitar páginas, de várias regiões, que acho interessantes, com o objetivo principal de divulgar o espaço Verde Vida. Nele estão postadas imagens(base principal), textos simples, em um formato geral também simplificado; dedicados à causa ambiental.
As suas palavras são sábias, o seu comentário, não só é acertado como muito assertivo, deixou-me sem palavras. Se mo permitir, gostaria de fazer um "post" com o seu comentário, pois acho que merece a devida atenção e reflexão, que nas caixas de comentários não chegam a ter.
Eu também não estou a defender esta forma de energia, pois também sei muito pouco sobre o assunto, embora me pareça de todo preferível ao nuclear tradicional ou ao queimar petróleo e carvão.
A minha primeira opção vai sempre para o decrescimento do consumo, mas infelizmente sabemos como isso vai ser lento e difícil.
Sempre agradeço a cada um dos que se colocam ao lado do Verde Vida, Manuela. Criei a página a 8 meses e as adesões vão ampliando nossos simples objetivos. Visite-nos e opine, quando puder. De uma forma ou de outra trabalhamos na mesma causa.
Agradeço o reconhecimento mas não vejo que possa recolher méritos por ideias que não são minhas, antes ecos que vou tirando daqui e dali.
Deixo assim ao seu critério o uso que queira fazer daquelas palavras de ocasião. Só posso ficar grato pela importância que lhes der. Faça pois de conta que são suas.
Nada mais posso dizer, a não ser os votos de paz e saúde, muita paz e saúde para si
Percebe-se que o objectivo é erradicar as emissões de CO2, mas a sobre exploração do urânio empobrecido não vai tornar-se num pau de dois bicos?! Sim, eles dizem que é em circuito fechado, pois Bill Gates Green… O óxido de urânio tem efeitos irreversíveis (ou estamos esquecidos, p. ex., dos soldados que estiveram em Bagdad (2003) que desenvolveram tumores malignos?) Abraço
Obrigada por visitar o blogue "Sustentabilidade é Acção"!
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Associamos, e bem, as florestas aos melhores absorvedores de gases com efeitos de estufa (GEE), sendo grandes reservatórios de carbono, essenciais ao combate às alterações climáticas. No entanto, nem sempre é assim. Se a floresta é destruída por incêndios devastadores, se a floresta não permite a absorção de CO2 pelo solo porque o solo não está vivo, se as árvores são cortadas com muita frequência, então, o carbono libertado pode afinal ser ainda mais do que o carbono armazenado, como explica este artigo do Público Azul. Segundo o professor Jorge Paiva , uma floresta é um sistema complexo que possui uma grande biodiversidade (de plantas mas também de animais), incluindo no próprio solo. Portanto, na realidade, nestes três casos não estamos a falar de floresta, mas de monoculturas intensivas, algo bem diferente. « Há três florestas europeias que emitem mais gases poluentes do que absorvem e uma delas é portuguesa Nesta investigação apresentamos os casos mais graves e associamos ge...
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Apesar de todos os acordos internacionais e avisos dos cientistas, estamos a dirigir-nos para a situação caótica de 3°C de aquecimento global. O que é que isso implica? Será que ainda podemos evitá-lo? E quão fundamentais serão as soluções baseadas na natureza? Estas questões importantíssimas para o nosso futuro comum (e presente) estão disponíveis, artigo a artigo, nesta publicação (em inglês) , da qual deixamos abaixo a tradução do prefácio do editor, Klaus Wiegandt, e de uma parte do artigo de "Clima e tempo com 3 graus a mais - A Terra como não a queremos conhecer" de Stefan Rahmstor, bem como algumas imagens. https://www.springerprofessional.de/3-degrees-more/27183748#TOC 3 graus a mais A estação quente iminente e como a natureza pode nos ajudar a evitá-la Klaus Wiegandt (Editor) «No debate público global sobre o clima dos últimos 20 anos, os efeitos de um aumento de 1,5 °C na temperatura média da superfície global foram descritos e discutidos exaustivamente: os glaciar...
A sustentabilidade energética sempre foi uma das bases das economias. Na lógica das sociedades capitalistas coevas, passa pelo custo que acarreta e pelas quantidades disponíveis que apresenta para consumo e consequente suporte das actividades económicas em geral e assim foi encarada tanto no plano dos pontos de vista científicos como políticos. Hoje em dia, porém, por bastos motivos que aqui poderemos deixar por dizer, importa também que a mesma seja entendida, em igual nível de importância e consideração, no âmbito quer dos seus equilíbrios geo-físicos, quer dos impactos que as suas utilizações possam ter no planeta, mormente no âmbito dos impactos sobre os ecossistemas e na atmosfera. Em suma, é imperioso que consigamos explorar energias renováveis ou, se quisermos, inesgotáveis que temos como recursos à disposição neste berlindezinho cósmico em que todos vivemos e que por isso é a nossa casa comum.
ResponderEliminarPerante notícias como esta há sempre aquele discurso cínico que fala dos lucros e do poder que tais investimento propiciam a quem os controla, mas isso, parece-me, é a regra com que se joga no modo de organizar a economia em que vivemos e, em conformidade, muito prosaicamente é a realidade com que estamos a viver, no entanto, na minha modesta opinião, não me parece que seja por isso que deveremos deixar de sublinhar aquilo que importa destacar no anúncio em causa; a consciencialização dos agentes económicos a respeito dos problemas que expusemos no parágrafo anterior e isso, sendo na prática um factor de primordial importância, é um dado bastante positivo para aquilo que poderemos designar genericamente de esperança num amanhã melhor.
Contudo, o problema da sustentabilidade dos recursos energéticos é também uma nova janela sobre um futuro diferente dos modos de vida que conhecemos e há que ter consciência que há toda uma área de pensamento a explorar a partir daí e isto é evidentemente válido no domínio das ciências mas também da reflexão filosófica em que, por exemplo, o Professor Peter Singer tem produzido um trabalho significativo. Enquanto o homo económiucus que somos, temos construído sobre a cultura contra a Natureza que temos delapidado. Temos, pela primeira vez na história da humanidade, a possibilidade de voltarmos a erigir a cultura na Natureza, no sentido de conseguirmos a sabedoria de aprender a viver em harmonia com os equilíbrios geo-físicos desta nossa prodigiosa casinha comum, por enquanto, o único paraíso que nos foi dado para vivermos.
Boa saúde para todos os que nos proporcionam este bonito convívio e que sempre estejam em paz
Rudolfo Wolf
PS
Não possuo suficientes conhecimentos que me permitam apreciar o problema técnico inerente. Sobre isso nada posso dizer, apenas ouvir e tentar aprender.
Os estudos sobre esta forma de produção energética através do nuclear já vêm do século passado (fim da década de 1950 o início dos estudos)... tem alguns benefícios em relação às actuais centrais, mas para mim nuclear é sempre nuclear... de preferência a evitar... e fico sempre espantado com a ligeireza com que as pessoas falam do tempo de vida dos resíduos "cerca de 500 anos..." há países que nem 200 anos têm!!! agora imaginem o que é fazer a guarda destes resíduos durante 500 anos!!! Eu não imagino!
ResponderEliminarManuela.
ResponderEliminarBiólogo/Professor, costumo visitar páginas, de várias regiões, que acho interessantes, com o objetivo principal de divulgar o espaço Verde Vida. Nele estão postadas imagens(base principal), textos simples, em um formato geral também simplificado; dedicados à causa ambiental.
Seu espaço é inteligente e generoso.
Felicidades em sua jornada!
Caro Rudolfo Wolf
ResponderEliminarAs suas palavras são sábias, o seu comentário, não só é acertado como muito assertivo, deixou-me sem palavras.
Se mo permitir, gostaria de fazer um "post" com o seu comentário, pois acho que merece a devida atenção e reflexão, que nas caixas de comentários não chegam a ter.
Muito obrigada e bem haja
Voz a 0 db
ResponderEliminarEu também não estou a defender esta forma de energia, pois também sei muito pouco sobre o assunto, embora me pareça de todo preferível ao nuclear tradicional ou ao queimar petróleo e carvão.
A minha primeira opção vai sempre para o decrescimento do consumo, mas infelizmente sabemos como isso vai ser lento e difícil.
Cláudio J. Gontijo
ResponderEliminarObrigada pela visita e pelas suas palavras. Visitarei seu Espaço Verde.
Obrigada e felicidades para si também.
Sempre agradeço a cada um dos que se colocam ao lado do Verde Vida, Manuela.
ResponderEliminarCriei a página a 8 meses e as adesões vão ampliando nossos simples objetivos.
Visite-nos e opine, quando puder.
De uma forma ou de outra trabalhamos na mesma causa.
Muito Obrigado!
Não resisti a publicar o texto no nosso blogue também. Espero que não se importe :D
ResponderEliminarBoa tarde,
ResponderEliminarAgradeço o reconhecimento mas não vejo que possa recolher méritos por ideias que não são minhas, antes ecos que vou tirando daqui e dali.
Deixo assim ao seu critério o uso que queira fazer daquelas palavras de ocasião. Só posso ficar grato pela importância que lhes der. Faça pois de conta que são suas.
Nada mais posso dizer, a não ser os votos de paz e saúde, muita paz e saúde para si
Rudolfo Wolf
Percebe-se que o objectivo é erradicar as emissões de CO2, mas a sobre exploração do urânio empobrecido não vai tornar-se num pau de dois bicos?! Sim, eles dizem que é em circuito fechado, pois Bill Gates Green… O óxido de urânio tem efeitos irreversíveis (ou estamos esquecidos, p. ex., dos soldados que estiveram em Bagdad (2003) que desenvolveram tumores malignos?)
ResponderEliminarAbraço