Agricultura Biológica: "O cluster da terra" - por Luísa Schmidt
Os seguintes parágrafos são extraídos do artigo de Luísa Schmidt publicado no semanário Expresso de 27 de Novembro de 2010, e disponível na página do Expresso. Aconselho à leitura integral do texto.
"O cluster da terra" - por Luísa Schmidt
"Um velho arcaísmo mental, tantas vezes mal-intencionado, lançou uma estranha aura sobre a chamada agricultura biológica. À volta dela não faltam as ironias. Há sempre uns espertos enérgicos a sacudi-la como se ela não passasse de um obscurantismo hippie dos anos 60.
A agricultura biológica, ou seja, produzida sem pesticidas de síntese, sem fitofármacos, e praticada em solos não contaminados, é não só saudável como não polui águas e terras. Muitas vezes os seus produtos enquadram-se mal na normalização que desgraçadamente nos foi imposta durante anos na pós-adesão à UE. Como se o destino de toda a produção agrícola fosse uma linha de montagem e a automação do mercado. Foi assim, por exemplo, que se arrancaram milhares de pomares de macieiras autóctones (camoesa, bravo-de-esmolfo, etc.) para nos porem a comer insípidas maçãs golden todas calibradas por igual.
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Comparem-se apenas as políticas de promoção da agricultura biológica e das respetivas fileiras de transformação num país como a Áustria e num país como Portugal. O abismo é imenso. Os governos austríacos têm promovido uma verdadeira ofensiva estratégica a este nível - informação, promoção, incentivos de vária ordem, apoio na ligação ao mercado, etc. Por cá, nada, ou quase...
E não se diga que o problema é não haver em Portugal quem se dedique à agricultura biológica. Passa-se exatamente o contrário: há cada vez mais produtores de sucesso nesta área, e cada vez mais gente a querer dedicar-se a ela. Mesmo com dificuldades, já se exporta.
O Estado, nos tempos que correm, não pode desperdiçar o próprio país. E todos os horizontes viáveis são igualmente importantes: temos (finalmente!) o cluster do mar. Precisamos do cluster da terra. Uma terra que ficará duplamente grata: pela excelência do uso que lhe é dado através da agricultura biológica e pelo inestimável benefício que traz a qualquer território o cultivo e o cuidado das suas paisagens."
Num tempo em que (alguns) reclamam mais produção
ResponderEliminarO mar abunda
A terra sobra
E povoam-se as almas de projectos adiados...
(biológica ou não venha!)
Olá Rogério
ResponderEliminarHoje estive num seminário sobre permacultura, com Sepp Holzer, e digo-lhe, fiquei fascinada, com o que é possível produzir, respeitando a natureza.
Ele, por outro lado, que cultiva nas montanhas, a temperaturas médias de 4ºC, estava espantado com a quantidade de terras incultas, e sobretudo com a falta de acção para impedir a desertificação...
Obrigada pela visita