O legado das políticas atuais: crianças viverão num inferno

O legado das gerações do século XX aos jovens, às crianças e bebés, é condená-los a viverem num mundo infernal, com ondas de calor, quebras de colheitas, inundações de rios, secas, incêndios florestais e ciclones tropicais sem precedentes.

A verdadeira política, num estado de emergência como aquele em que nos encontramos, exige união das várias fações políticas, juntos por uma causa, a causa mais importante de todas: a vida futura das crianças e dos jovens. 

Foto: Nuno André Ferreira/Lusa, Fogo em São Pedro do Sul, 2016. Fonte: RR

É lamentável que as políticas atuais, no que se refere às alterações climáticas e às desigualdades, sejam ridículas e desastrosas de tão insuficientes; do nível global ao local.

Infelizmente, a política partidária é uma máquina que se alimenta de denegrir os oponentes e de auto bajulação, dedicando-se, não à verdadeira política, mas às tristes politiquices: intrigas, baixarias e jogos sujos e tortuosos. Porque não lhes importa o bem comum, importa-lhes o poder de cada um.

Um estudo publicado na revista Nature (1) calcula que, sob as atuais políticas de mitigação alinhadas com uma trajetória de aquecimento global que atingirá 2,7°C acima das temperaturas pré-industriais até 2100, a percentagem de pessoas que enfrenta esta exposição sem precedentes a ondas de calor, quebras de colheitas, inundações de rios, secas, incêndios florestais e ciclones tropicais pelo menos duplicará entre as pessoas nascidas em 1960 e as nascidas em 2020. 

Sob uma trajetória de 1,5°, 52% das pessoas nascidas em 2020 sofrerão uma exposição sem precedentes a ondas de calor ao longo da vida, e se o aquecimento global atingir os 3,5°C até 2100, esta fracção aumentará para 92%, sendo o risco substancialmente maior entre os grupos populacionais com elevadas vulnerabilidades socioeconómicas. 


(1) artigo citado e fonte do gráfico abaixo:   

Grant, L., Vanderkelen, I., Gudmundsson, L. et al. Global emergence of unprecedented lifetime exposure to climate extremesNature 641, 374–379 (2025). https://doi.org/10.1038/s41586-025-08907-1


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