Pegadas da carne
Nas últimas 5 décadas, o consumo e produção de carne têm aumentado muito. Por um lado, o crescimento demográfico e o aumento do consumo per capita a acompanhar o crescimento económico; por outro lado, nos países "ditos" desenvolvidos as pessoas passaram a comer carne demais, sendo bem conhecidos os efeitos na obesidade e na saúde destes excessos (ver por exemplo, aqui e aqui).
Mas o aumento do consumo de carne não se reflecte apenas na saúde: a começar pela destruição das florestas tropicais para dar lugar a explorações extensivas de monoculturas que servem de alimento aos animais, e a acabar no metano produzido pelos animais (gás com efeito de estufa muito superior ao CO2), os seus impactos no ambiente são enormes!
A média mundial de consumo de carne é de 46,6 kg por pessoa por ano, mas este valor vai desde os 3 kg na Índia e no Bangladesh até aos 136 kg no Luxemburgo, passando pelos 80 kg no Brasil, pelos 93 kg em Portugal e pelos 123 kg nos Estados Unidos e na Austrália (dados de 2007, daqui). Na China, o consumo médio passou de 3,6 kg por pessoa em 1961 para 53 kg em 2007.
Mas o aumento do consumo de carne não se reflecte apenas na saúde: a começar pela destruição das florestas tropicais para dar lugar a explorações extensivas de monoculturas que servem de alimento aos animais, e a acabar no metano produzido pelos animais (gás com efeito de estufa muito superior ao CO2), os seus impactos no ambiente são enormes!
A média mundial de consumo de carne é de 46,6 kg por pessoa por ano, mas este valor vai desde os 3 kg na Índia e no Bangladesh até aos 136 kg no Luxemburgo, passando pelos 80 kg no Brasil, pelos 93 kg em Portugal e pelos 123 kg nos Estados Unidos e na Austrália (dados de 2007, daqui). Na China, o consumo médio passou de 3,6 kg por pessoa em 1961 para 53 kg em 2007.
De acordo com o Relatório da FAO de 2009 "Estado da Agricultura e Alimentação" (State of Food and Agriculture), a pecuária gera 8% do consumo de água mundial, 18% das emissões de gases com efeito de estufa, 37% do metano emitido pelas actividades humanas, e é a actividade que mais consome recursos do planeta, ocupando 80% da superfície agrícola total. O relatório estima que a produção mundial de carne duplicará até 2050 para respondera à crescente procura, chegando a 463 milhões de toneladas por ano.
No sítio do Planeta Sustentável, em Dezembro passado, condensaram informação sobre os impactos ambientais da carne de boi, carneiro, porco e galinha, em termos de consumo de alimento, consumo de água, de espaço necessário e de emissões de CO2. Deixo em baixo um quadro resumo para três desses factores. Em relação ao espaço necessário aí mencionado, porque se refere a criação intensiva, e porque julgo que não reflecte a pegada ecológica real, (pois não me parece que inclua a área necessária para a produção de alimento para o animal) deixo-o fora, também na esperança de que este modo de produção de carne (intensiva) venha a decrescer fortemente nos próximos tempos.
Em relação à pegada ecológica, juntei um quadro com uma estimativa da pegada ecológica alimentar (isto é, só relativo ao consumo de alimentos) de uma pessoa, conforme o seu regime alimentar (dados obtidos aqui). E lembremo-nos que a pegada ecológica a que cada um tem direito para ser sustentável é de 2,0 hectares, com tudo incluído!
Apelo mais uma vez, a quem não é vegetariano ou vegan, claro, que reduza o consumo de carne, e sobretudo, de carne de boi. Pela saúde, pelo ambiente, pela sustentabilidade. E para finalizar, as palavras irónicas, mas certeiras, de Arnaldo Jabor.
Olá...
ResponderEliminarMas como a nossa espécie... é aquela máquina...
Também existe o problema da emissão de metano, entre outros. E assim, como dizem que o nosso cérebro está a reduzir de tamanho, mas a inteligência está a aumentar... o seguinte prova esta teoria...
"Australian scientists are working to breed a sheep that belches less"
"Cientistas australianos estão trabalhando para criar a ovelha que arrota menos"
ver aqui
Podiam era alterar o nosso genoma para deixarmos de pensar...
Olá
ResponderEliminarAgora quem se ri sou eu: essa das ovelhas que arrotam menos é mesmo para rir... ou chorar, porque há imbecis a pagar a outros imbecis para trabalharem em imbecilidades!
Se essas "inteligências" começassem por pensar em condições... não chegavam a esse ponto.
De facto, quem precisa mesmo de mudar é a nossa espécie, é cada uma...
Olá Manuela,
ResponderEliminaroutro "grande" post, porque todos têm esta grande responsabilidade em cima de si.
É pena é que muitos nem dão por isso, porque não é assunto falado quase nunca.
Fala-se de desflorestação, emissões de gases de efeito estufa, poluição da terra, consumo de água, etc, etc, mas normalmente ninguém fala disto nos meios de informação mais mediáticos. Porque será???
Por cada quilo de carne, gastar-se 16 000 litros de água e 37 quilos de alimento, (para não falar da área de terra que precisam para estarem e produzir-se o alimento) contando com a população mundial que come carne e mais a que começarão a consumir, somos mesmo inteligentes, não somos?
E esta visão é só sob o ponto de vista dos humanos, analisando só a nível da nossa sustentabilidade.
Porque se formos falar das atrocidades e violência que biliões de seres vivos estão sujeitos continuamente, só nos poderíamos auto intitular-nos de desumanos.
Sobre este ponto de vista, não estamos (todos os que acham que vivem num país mais "civilizado") muito melhor do que a China, porque assim como os cães e gatos, todos os animais sentem dor e tristeza, para não falar de outras sensações.
E só por isso, seria o suficiente para este tipo de indústria deixasse de existir, se é que nos considerámos "humanos".
É a isto que se chama progresso???
Ai... parece-me que já não consigo deixar comentários mais curtos...
Manuela, foi um grande gosto ouvir o Jabor. Adoro a sua critica ironica. É o máximo, ele! Obrigada por essa partilha. Neste estudo só me custa a acreditar que Portugal consuma mais carne do que o Brasil; eu morei lá 14 anos e vou lá todos os anos e uma coisa que me espantava quando lá estava era o facto do brasileiro não comer peixe, nem cabrito, nem coelho; isso eles nem sabem comer e peixe comem muito menos que nós; porco também comem muito pouco, pois é mais caro que a carne de vaca; adora uma carninha o Brasileiro; agora, já procuram mais o peixe, mas isso quando vão a um lugar especial comer um peixinho; o dia a dia deles é a carne bovina; aliás teem carne boa e barata, pelo menos comparando com a nossa.
ResponderEliminarNão sabia desse estrago todo causado pelos animais, na realidade e adorei ouvir o Jabor dizer que se calhar o que merecemos mesmo é sermos abafados pelos puns das vacas ( mais ou menos assim que ele disse ) Um beijinho, amiga e vamos lá...sempre informando e aprendendo.
Emília
O problema não é o consumo de carne em si, o problema é o nosso numero e pior ainda é que dos 7mil milhões de população mundial nem metade consome carne,e só uma pequena fatia da população deve comer mais de 400g por semana.
ResponderEliminarImaginando que todos os habitantes de África e da Asia consumissem carne como os ditos países desenvolvidos...
Mas não se preocupem os cientistas já estão a inventar carne artificial http://www.guardian.co.uk/environment/2010/aug/16/artificial-meat-food-royal-society
Deve ser tipo carne transgénica, que delicia...
Segundo uns dados que eu vi num documentário, diziam que só 10% da população mundial, é que consome carne.
ResponderEliminarPode ser que os dados já estejam um pouco alterados, pois o consumo de carne anda a subir muito.
A meu ver, além de excesso de consumo de outras coisas, tb temos um enorme desperdício, como é óbvio.
Se somos muitos, o que fazemos?
Sei que todos até viveriam bem, mas com muito menos coisas. Só mudando de "programa", desculpem, modelo. Mas o ser humano parece que não quer ver, afinal o que dizem é que não estarão cá para ver, pensam eles.
Ana
ResponderEliminarNo meio destes números médios, que demonstram de si já grandes diferenças, ainda há mais diferenças abismais.
Nunca gostei (aliás "odiava") de programas decadentes como foi o "Big Brother" ou outros reality shows do género. Mas ultimamente vejo de vez em quando o "Peso Certo" ou "The Biggest Looser", e tem dado para perceber ao ponto a que chegaram os americanos, com tantos obesos e tantos tão obesos e doentes: é impressionante apercebermo-nos de quanto e quão erradamente eles comem:
Muita carne, muitos molhos, muitas batatas fritas, muita porcaria e comida "de plástico", muitos doces, muito, muito...
A alimentação deles é tão errada que até dói! E será que eles não vêem sequer isso no espelho, e param para pensar e mudar?
Não entendo porque comem tanto, porque comem tanta carne e tanta porcaria...
Mas parece que o programa está a ajudar a pensar e a mudar hábitos, espero, assim como o Jamie Olivier tem feito também em Inglaterra e na Austrália, ensinado a cozinhar e a comer saudavelmente.
Emília
ResponderEliminarO problema do Brasil é que há muita pobreza lá, por isso os números são mais baixos.
Era bom que as pessoas tivessem consciência dos seus impactos no planeta, quer a nível da alimentação, quer de transportes, de consumo de água de energia, de consumo de tudo.
E sobretudo, os "ricos", que tem pegadas ecológicas absolutamente injustas para com todos os outros!
Obrigada pela visita, beijinho e bom fim de semana :)
Carlos
ResponderEliminarClaro que o consumo de carne em si é um problema, porque nós somos assim esses todos e continuamos a aumentar, e os animais que nos servem de alimento também têm uma grande pegada, e continuam a aumentar ainda mais que nós; e porque a maioria das pessoas que consome carne em excesso não faz ideia dos impactos que tem.
Nunca se comeu tanta carne per capita como nos países ditos "desenvolvidos", e também nunca houve tanta informação a explicar que não é saudável comer tanta carne, mas parece que muita gente não quer ver.
Quanto à carne artificial, eu, que quando era miúda queria ser cientista, estou muito desiludida com essa classe, perdoem-me uma boa parte deles que não cabem no que a seguir vou dizer:
parece que os cientistas enveredam por uma área específica, estudam isso e só isso, porque alguém lhes paga para isso, claro e esquecem-se do fundamental:
- de pensar global e de se perguntar a si próprios se o que estão a estudar é a solução correcta para algum problema, ou não será antes o agravar de muitos outros? Ou seja, estudam o problema do mosquito sem reparar que o verdadeiro problema é o elefante em que o mosquito pousou...
GRANDE Manuela!
ResponderEliminarParece-me que estamos em GRANDE sintonia.
Mas esta sintonia, não é nada mais, nada menos do que simplesmente somar 2+2 e saber o resultado.
Pena é que muita gente, parece-me, não anda bem a fazer as contas.
Se calhar é porque o nosso cérebro anda a encolher...kkkk
Abraço e VIVA A VIDA!
E já agora, como é que o problema não é o consumo de carne, em si?
ResponderEliminarPois se somos quase 7 biliões e se a maioria achar que o problema não é o consumo de carne (ou de outras coisas tb nocivas), o que é que se espera???
Por isso mesmo acho justo, que tudo o que se produza cuja pegada ecológica seja minimizada, tenha um preço muito mais baixo, do que o que deixe um rastro de estragos.
Só assim, haveria um pouco mais de equilíbrio.
Mas para este sistema ser mantido, temos que consumir muito de tudo o que é mais barato e nefasto para nós próprios. Enfim, como já disse, deve ser do encolhimento do nosso cérebro.